Kenneth Frampton considera a tectônica não somente como uma “mera revelação da técnica construtiva, mas sim, ao seu potencial expressivo. A tectônica adquire caráter de verdadeira arte leva na medida em que equivale a uma poética da construção … A inevitável natureza terrestre de um edifício tem um caráter tão tectônico e tátil como cênico e visual, embora nenhum desses atributos nega a sua espacialidade. ”
Baseando-se no papel fundamental que a disciplina da arquitetura tem dentro da tradição moderna, entendemos que era necessário aprofundar em um pensamento capaz de relacionar os diversos fatores particulares que convergem na problemática disciplinar.
Kenneth Frampton tem desenvolvido o problema da construção tectônica dando ênfase no espaço quando cita as ideias de Schmarsow, que percebe a arquitetura como o desdobramento progressivo do sentimento do homem a respeito do espaço e o identifica como princípio condutor de toda forma arquitetônica, coincidindo com os modelos de espaço-tempo do universo em um sentido científico, em que a ciência afeta a forma de conceber o espaço, reforçada pela experiência da velocidade e as invenções mecânicas da última metade do século XX. Desde então, Kenneth Frampton diz em seu livro de Estudos da Cultura Tectónica, “somos incapazes de pensar arquitetonicamente sem dar uma ênfase especial sobre o deslocamento espacial do objeto movendo-se no tempo.”
Para Zumthor a atmosfera é uma categoria estética, uma sensibilidade emocional. Em seu trabalho é mostrado o corpo da arquitetura, a sintonia dos materiais, o som do espaço, a temperatura do espaço, a tensão entre interior e exterior, os graus de privacidade e a luz sobre as coisas.
Peter Zumthor diz em seu livro Atmosferas:… “no meu trabalho tem que haver um procedimento, uns interesses, uns instrumentos, umas ferramentas. Nós não trabalhamos com a forma, trabalhamos com o resto de coisas, com o som, os ruídos, os materiais, a construção, a anatomia, etc. Desde o começo, o corpo da arquitetura é construção, anatomia, lógica do construir…”
Juan Roman, diretor da Escola de Arquitetura da Universidade de Talca, realiza uma pesquisa intitulada: Para uma arquitetura com interesse, baseada na ideia da investigação projetual; e tenta assim, provar o alcance da relação entre investigação e projeção supondo que a tarefa profissional desenvolvida é uma ida e volta constante entre ambos os conceitos, dá lugar a uma arquitetura com interesse. Superada a etapa de projeto, o processo abandonará a fase da investigação projetual para se dedicar, sem mais, à etapa já conhecida da construção, com a condição de construir com os materiais do local.
Na casa de tijolos entendemos a construção tectônica como uma estrutura de pensamento que envolve a matéria e é capaz de abordar as questões inerentes ao espaço arquitetônico, aprofundando-se sobre as lógicas e as coerências no processo projetual. A objetivação do processo de pensamento e sua construção determinaram as diferentes sensações e qualidades dos espaços. Dentro dessas lógicas operacionais se trabalhou sobre a estrutura arquitetônica que se manifestou como a ordem capaz de dar a possibilidade de gerar o espaço arquitetônico. Trata-se de uma conceitualização em termos tectônicos, envolvendo tanto o problema da relação entre os pesos, esforços e materiais, como o das formas e os requisitos humanos.
Estas construções tectônicas deram conta também das experiências sensoriais, psicológicas, fenomenológicas, e seus efeitos sobre as emoções, comportamentos, representações, configurações simbólicas e significados.
Desenvolveu-se a construção da habitação a partir da escolha de tijolos acompanhada pelo aço e o concreto para a abordagem material da problemática tectônica. O uso foi entendido como um programa resultante das ações de caráter doméstico como: estar, a passagem, observar, descansar, cozinhar, comer, dormir, etc …
Desenvolveu-se a interação desses usos como uma experimentação onde a construção espacial fora o objetivo final para estabelecer novas configurações (também espaciais) capazes de serem construídas em uma casa de 90m2 e uma superfície de terreno de 75 m2.
Desenvolvemos uma planta que gerará a ventilação cruzada em todos os espaços de uso, permitindo que os ventos predominantes do norte facilitem a diminuição da temperatura e da umidade no verão melhorando as condições de conforto, reduzindo também a demanda de energia. Também foi adotado materiais de construção tradicionais da Argentina que têm boa capacidade de isolamento térmico, incluindo painéis de vidro com esquadrias de alumínio e vidros duplos.
Adotamos também um sistema de parede guarda-sol construída em tijolos nos termos de Wladimiro Acosta que consiste em um conjunto de laje visor e tachas como marco de proteção solar diante do edifício que regulam a entrada de raios solares e conformam um recinto de sombra nas épocas de verão, gerando um efeito de ar sobre os muros do edifício que Acosta denominava Aura Térmica.